Ferreira, C.P.; Oliveira Filho, A.T. de; Santos, F.A.M. dos & Machado, I.C.S. 1987. Distribuição de indivíduos jovens em relação a adultos em uma população de Anadenanthera falcata (Benth.) Speg. (Leguminosae - Mimosoideae). Resumos do XXXVIII Congresso Nacional de Botânica (SBB), p. 258.

Resumo: A distribuição espacial de indivíduos em uma população é resultante dos padrões de dispersão de sementes e da probabilidade de sobrevivência destas até a maturidade. O presente estudo teve como objetivo identificar padrões de distribuição espacial de indivíduos jovens em relação a adultos em uma população de Anadenanthera falcata em uma área de cerrado da Reserva Biológica de Mogi-Guaçu, SP, e analisar os resultados obtidos em termos dos padrões de recrutamento de indivíduos na população. Para tanto, foram utilizadas 17 parcelas circulares de 6m de raio, centradas em um indivíduo adulto. Foram considerados como adultos todas as árvores com mais de 2m de altura, o que se baseou na observação de que todos os indivíduos acima deste porte apresentavam frutos, indicando ser reprodutivamente ativos. Entre os jovens, arbitrou-se em 20cm os intervalos de classe de altura usados como estimadores das faixas etárias. Em cada parcela, foram registrados a altura dos jovens e a distância ao adulto mais próximo, mesmo que este se encontrasse fora da parcela. Os dados obtidos parecem indicar que: (1) a densidade de adultos parece não ter uma influência direta e simples na densidade dos jovens; (2) o número de jovens nas faixas de 0 a 1 m de distância dos adultos é sensivelmente menor; (3) a altura média de indivíduos jovens não varia significativamente com a distância dos adultos; (4) a variação observada na densidade e distribuição de jovens entre as parcelas deve ser um reflexo de diferenças nas situaçoes particulares de cada parcela, ligadas ao número de adultos presentes, à produção diferencial de sementes entre os adultos e às condições diferenciais de germinação e sobrevivência de sementes e de sobrevivência de plântulas, provenientes de diferentes “genets”. Os resultados sugerem que a probabilidade de sobrevivência de jovens é independente da densidade e da distância a adultos, a menos que a mortalidade seja dependente desses fatores em estádios anteriores aos amostrados. A presença de um espessamento do eixo central do sistema radicular dos indivíduos considerados como jovens e os restos de emissões aéreas a ele ligados indicam possíveis rebrotas sucessivas de indivíduos menos jovens que a aparência.