Pimentel, M. & Santos, F.A.M. 1996. Comportamento de oviposição e padrão de movimentação de Coelomera ruficornis Baly (Coleoptera; Chrysomelidae; Galerucinae) em Cecropia pachystachya (Cecropiaceae). Resumos do 3º Congresso de Ecologia do Brasil, p. 348.

Resumo: Diversas estratégias de defesa são observadas em Chrysomelidae, como por exemplo a cicloalexia nas larvas e liberação de substâncias pelas articulações nos adultos. O gênero Coelomera, com 35 espécies, utiliza espécies de Cecropia (Cecropiaceae) como sítio de oviposição e de alimentação de larvas e adultos. Neste trabalho objetivamos descrever outros aspectos comportamentais de oviposição e de movimentação de adultos de Coelomera ruficornis em Cecropia pachystachya numa área da Reserva Florestal de Linhares, ao norte do Espírito Santo. Foram marcadas e mapeadas 73 plantas, que foram vistoriadas 2 vezes ao dia no período de 26 de julho a 3 de agosto de 1995. Em cada vistoria registrou-se: presença de marcas de oviposição e sua localização, presença de larvas, presença, identificação, localização e comportamento de adulto. Todos os adultos encontrados foram individualizados com marcas de tinta nos élitros e sexados quando possível. Dos 54 besouros marcados, em 35 foi possível a determinação do sexo, sendo 15 machos e 20 fêmeas das quais 14 estavam ovadas, em 30 plantas, nas quais não foi registrada nenhuma colônia de formiga estabelecida. Todas as 18 plantas com presença de desova apresentaram somente uma postura. Observou-se duas fêmeas ovadas raspando os triquílios na base do pecíolo das folhas de Cecropia (região onde são produzidos os corpúsculos müllerianos que são a fonte alimentar das formigas que vivem nessas plantas e região de maior atividade de patrulhamento das formigas). Esse comportamento das fêmeas pode reduzir as chances de colonização imediata da planta por formigas ou mesmo retardar o crescimento da colônia em fase inicial de estabelecimento, dando uma certa margem de tempo para um maior desenvolvimento das larvas. Das 6 fêmeas ovadas, 5 mudaram de planta logo após a oviposição, o que pode ser uma forma de evitar a super-utilização do recurso destinado a sua prole. Não houve diferença significativa entre os padrões de movimentação, medida pela distância dos deslocamentos entre plantas, entre os machos, fêmeas e fêmeas ovadas, provavelmente porque tanto as fêmeas se movimentavam a procura de sítio de oviposição quanto os machos movimentavam-se a procura de fêmeas.