Figueira, J.E.C., Machado, T.G.R., Brito, R.F., Oliveira, L.M., Costa, F.L.B., Alves Costa, C.P. & Santos, F.A.M. 1996. Dinâmica espacial de uma população de Paepalanthus polyanthus (Eriocaulaceae) da Serra do Cipó (MG), sob efeito de fogo. Resumos do 3º Congresso de Ecologia do Brasil, p. 476.

Resumo: Paepalanthus polyanthus (Eriocaulaceae) é uma planta semélpara que ocorre nos campos de altitude da Serra do Cipó, em manchas que podem conter milhares de indivíduos. Sua dinâmica populacional é fortemente influenciada pela ocorrência de incêndios, já que o fogo induz sua floração. A fim de compreender sua dinâmica espacial sob efeito de fogo, foi montada uma grid de 21 x 10m2, em uma população que havia sido queimada no final de 1995. Foram anotadas as coordenadas de cada indivíduo, bem como seus tamanhos e status reprodutivo (floresceu ou não após o fogo). A população amostrada apresentou distribuição agregada (s²/média=2,52), com densidade em torno de 2,58 indivíduos/m². De uma maneira geral, o espaçamento dos indivíduos jovens foi menor que o dos de maior porte e os tamanhos de cada indivíduo e de seu vizinho mais próximo tendiam a ser semelhantes. Os indivíduos jovens formavam agrupamentos densos ou pequenos grupos, enquanto os indivíduos de maior porte encontravam-se progressivamente mais dispersos à medida que seus tamanhos aumentavam. Esta população apresentou-se estruturalmente diferenciada espacialmente, sugerindo que havia sido atingida parcialmente por um incêndio muito anterior ao registrado em 95. Isto pode ser inferido devido à alta freqüência de jovens, relativamente a adultos, em parte da população (indicando que num incêndio anterior ao de 95, grande parte dos adultos havia florescido sendo, conseqüentemente, eliminados da população), enquanto a outra parte apresentava uma tendência oposta. Após o incêndio de 95 a densidade foi reduzida para 1,13 indivíduos/m² e o grau de agregação se acentuou (s²/média=3,75), devido à mortalidade dos indivíduos que floresceram, muitos dos quais se encontravam dispersos entre os agrupamentos. Simulações por computador sugerem que a tendência para agregação provavelmente resulta da baixa capacidade de dispersão das sementes em P. polyanthus. Os vizinhos mais próximos e de tamanhos semelhantes provavelmente pertencem a um mesmo coorte, ou coortes relativamente sincrônicos.