Castellani, T.T. & Santos, F.A.M. 1999. Avaliação de riscos de pré-dispersão em Ipomoea pes-caprae (L.) R. Brown (Convolvulaceae), praia da Joaquina, Florianópolis, SC. Resumos do 50º Congresso Nacional de Botânica (SBB), p. 218. Resumo: Riscos de pré-dispersão envolvem perdas que ocorrem da fase de óvulo à maturação de sementes. Neste estudo, alguns riscos foram avaliados monitorando-se (semanal-quinzenalmente) inflorescências, em duas áreas com Ipomoea pes-caprae. Na área 1, de 103 inflorescências, 56% amadureceram frutos (1,2 frutos/inf., n=58) e na área 2, de 131, ocorreu produção em 50% (1,7 frutos/inf., n=66). Das estruturas acompanhadas, 51% (n=142) e 64% (n=316) abortaram nas áreas 1 e 2, respectivamente, sendo: a) 24% e 10% em botão, b) 61% e 73% em “frutos verdes”, c) 15% e 15% anteriores ao monitoramento e d) 2% em “frutos amadurecendo”, somente na área 2. “Fruto verde” engloba a fase após a murcha floral até o desenvolvimento inicial dos frutos (esverdeados). “Frutos amadurecendo”, com coloração acastanhada, abortaram pela predação de besouro (não identificado). Soterramentos causaram expressiva mortalidade de botões e “frutos verdes” na área 2. Danos de sementes por Megacerus baeri e M. reticulatus (Coleoptera: Bruchidae) foram os fatores mais relevantes. As posturas ocorrem, preferencialmente, em “frutos amadurecendo”, com diâmetros mínimos de 1,5cm, sendo raras em “frutos verdes”. Danos por bruquídeos afetaram 50% dos frutos coletados na área 1 (n=66), inviabilizando 24% das sementes (n=223). Outros danos (sementes atrofiadas, ocas e mofadas) reduziram a 125 (56%, n=223) as sementes intactas. Estas, submetidas à germinação, mostraram 85% de viabilidade. Na área 2, 23% dos frutos (n=87) mostraram danos por bruquídeos, afetando 10% das sementes (n=281). Outros danos reduziram a 235 (84%, n=281) as sementes intactas, com 89% de viabilidade. Megacerus baeri foi mais freqüente (21:1 na área 1 e 9:4 na área 2). Os abortos de “frutos verdes” em Ipomoea pes-caprae estão associados ao soterramento, mas também sugerem restrição de polinização, freqüente em plantas modulares auto-incompatíveis. Diferenças nas taxas de predação de sementes podem estar associadas à freqüência das espécies de bruquídeos e à oferta de frutos nas áreas estudadas. |