Castellani, T.T. & Santos, F.A.M. 2001. O potencial de Ipomoea pes-caprae formar banco de sementes permanentes. Resumos do V Congresso de Ecologia do Brasil, p. 116.

Resumo: Ipomoea pes-caprae (L.) R. Brown (Convolvulaceae) coloniza praias e dunas frontais na região tropical e não há estudos sobre bancos de sementes em suas populações. Assim, avaliar a longevidade potencial destas sementes no solo foi o objetivo deste trabalho. Em setembro de 1997, 28 sacos de nylon (malha de 1mm), com 20 sementes cada, foram enterrados na duna frontal da Praia da Joaquina (Florianópolis, SC) em quatro profundidades: superfície, 5 cm, 15 cm e 30 cm. Sete repetições foram implantadas e retiradas em janeiro, abril, agosto e dezembro de 1998, março e setembro de 1999 e setembro de 2000 (três anos após). Cada lote foi avaliado quanto ao número de sementes germinadas, danificadas e intactas, sendo estas submetidas à germinação para avaliar a viabilidade. De 20 sementes iniciais, mais de 75% mantém-se viáveis nestes três anos. Ocorreram perdas por germinação propriamente dita, mofo, dessecação e predação por besouros bruquídeos. Esta predação ocorre na fase de pré-dispersão, mas as larvas podem completar seu desenvolvimento com as sementes já no solo. Considerando-se todos os soterramentos, a curva de decaimento obtida para 20 sementes estimou uma permanência potencial no solo de até 16 anos. Se considerarmos cada profundidade de soterramento, algumas diferenças são sugeridas, com longevidade potencial de 10 anos para as sementes na superfície e a 5 cm, 42 anos a 15 cm e até 76 anos para as sementes soterradas a 30 cm. Sementes depositados na superfície e a 5 cm de soterramento apresentaram as maiores evidências de germinação e perdas por dessecação. Ipomoea pes-caprae, uma eficaz colonizadora de praias e dunas, mostra, além de uma elevada produção de sementes e eficaz dispersão marinha, a capacidade de formar estoques permanentes de sementes em suas populações.