Chimarrão na
cuia do gaúcho não é tratamento. É quase
um vício! Mas, sem saber, brasileiros do
Sul podem estar bebendo da fonte da
juventude.
“Teoricamente, quem toma erva-mate fica
mais jovem. Porque os radicais livres
formados no organismo são responsáveis
pelo processo de envelhecimento, e esses
compostos têm habilidade de seqüestrar
esses radicais livres”, explica a
agrônoma Deborah Markwicz Bastos,
Faculdade de Nutrição da Universidade de
São Paulo (USP).
Os índios já
usavam a erva-mate como estimulante e
digestivo. E faziam muito bem, dizem
duas pesquisadoras da Faculdade de
Nutrição da USP. Elas confirmaram que o
chimarrão é rico em cafeína, estimulante
do sistema nervoso, e possui também
muitos compostos fenólicos – substâncias
antioxidantes, boas para evitar o
envelhecimento e controlar o mau
colesterol. Além disso, a erva-mate
possui saponinas.
“As
saponinas aumentam a defesa do organismo
e, portanto, o mantêm mais preparado
para combater as infecções”, diz a
agrônoma Deborah.
A
sempre-viva é outra planta que o povo
botou no armário de remédios. Agora, ela
freqüenta também os tubos de ensaio.
“Nós
estudamos o potencial antiulcerogênico
da planta, ou seja, a capacidade de
combater as úlceras gástricas”, explica
a pesquisadora de farmacologia Maíra
Cola Miranda, a Universidade de Campinas
(Unicamp).
Nas mãos de
estudantes de mestrado e doutorado da
Unicamp, a flor da sempre-viva é seca,
pulverizada e misturada com diversos
solventes. Transformada em extrato, ela
mostra uma de suas maiores riquezas: os
flavonóides.
“Os
flavonóides têm atividades
antiulcerogênica e antiinflamatória e
poder de cicatrização das lesões
gástricas”, revela a pesquisadora.
Os
flavonóides são defesas da planta que
podem defender a saúde do homem. A
capacidade de curar úlceras rapidamente
foi comprovada em cobaias, que
desenvolveram úlceras induzidas pelos
pesquisadores.
“A
cicatrização é de quase 100%”, anuncia a
pesquisadora.
Jovens
cientistas semeiam suas carreiras com o
estudo de plantas medicinais. Eles
querem ver o país colher mais
medicamentos da natureza.
“Em países
desenvolvidos, os laboratórios pagam
para ter a pesquisa e a droga. Aqui não
acontece isso”, comenta o pesquisador
Anderson Luiz Ferreira.
“Em alguns
modelos de indução de úlcera, nossas
drogas são até melhores que as já
consagradas pelo mercado”, ressalta a
pesquisadora Fabiana Pimentel.
“Nós temos
muitas substâncias na nossa vegetação
que não foram descobertas ainda. Se a
gente não estudar, as pessoas de fora
vão fazer isso”, alerta o pesquisador
Victor Barbastefano.
As
florestas, o Pantanal e o cerrado
brasileiros têm mais de 55 mil espécies
de plantas. São 22% de todas as
variedades do mundo. Uma riqueza vegetal
tão grande que talvez nunca se chegue a
conhecê-la por inteiro. Nossa única
chance nasce do trabalho de cientistas,
pesquisadores e mateiros. Que eles
tenham tempo e apoio para fazer germinar
todo esse potencial. |