Praias Arenosas

Os fatores que controlam a estrutura e a dinâmica bêntica têm sido tema central em ecologia teórica e aplicada. A distribuição e a abundância da macrofauna em praias arenosas costumam ser relacionadas a muitos fatores, tais como: ação das ondas, inclinação da praia, umidade, tamanho do grão e teor de matéria orgânica do sedimento, temperatura (sedimento), disponibilidade de alimento, predação e competição.

Embora seja difícil verificar a influência destes fatores isoladamente, acredita-se que a estrutura da comunidade seja freqüentemente determinada pelo estudo morfodinâmico, no qual os fatores físicos são, na maioria das vezes, predominantes sobre os biológicos. Vários autores consideram a macrofauna de praias arenosas um exemplo de comunidade fisicamente controlada.

Em cada praia serão definidos setores, os quais serão individualmente analisados. Os setores serão selecionados com base em uma avaliação preliminar das condições ambientais de cada praia, no que se refere às interferências de origem natural (morfodinâmica, diferentes tipos de sedimento e aportes de água doce) e antrópica (despejo de resíduos de diferentes origens decorrentes de lançamento direto ou indireto de esgoto doméstico). A região entremarés (mediolitoral) de cada setor será dividida em níveis a partir da linha d'água: inferior (parte mais próxima à baixamar), superior (mais próxima da preamar) e intermediária (região compreendida entre ambas). A extensão de cada nível dependerá da amplitude, declividade e do tempo de exposição de cada praia.

Para amostragem quantitativa da macrofauna serão utilizados dois amostradores cilíndricos (de PVC), um com 0,01 m² de área de base (cilindro pequeno, 10 cm de diâmetro) e outro com área de base de 0,16 m² (cilindro grande, 45 cm de diâmetro), para coleta de organismos de maior porte, como moluscos e crustáceos. Os sedimentos destes amostradores serão removidos até 20 cm de profundidade, com o auxílio de uma pá.
Com base em resultados obtidos de coletas prévias, foi possível estabelecer que um número de 5 amostras/nível com o cilindro pequeno (0,01 m²) é satisfatório para uma boa amostragem quali e quantitativa. Para um melhor acompanhamento das variações temporais dos fatores bióticos e abióticos, os 5 pontos a serem amostrados/nível/período de coleta, serão sorteados aleatoriamente (com base na tabela de números aleatórios). Em cada ponto (posicionado com GPS) serão tomadas amostras estratificadas, uma da superfície até 10 cm e outra de 10 a 20 cm de profundidade.

Com o cilindro maior serão retiradas 3 amostras/estrato. No laboratório, estas amostras serão lavadas em água do mar utilizando-se peneiras de 1,0 e 0,3 mm de malha para a macrofauna. Os animais serão anestesiados (quando necessário) e fixados em solução de formalina a 4% ou em álcool a 70%. O sedimento obtido com o cilindro pequeno será fixado em formalina a 10% para triagem posterior em microscópio estereoscópico. O material referente à análise da meiofauna receberá um tratamento específico, conforme descrito no subprojeto referente à meiofauna. Outros métodos específicos para o estudo dos diferentes táxons poderão ser incluídos.
Nos níveis onde as espécies mais abundantes forem registradas serão tomadas mais amostras para estudo de estrutura populacional.

Com o objetivo de caracterizar o sistema a ser estudado serão analisados os seguintes fatores: temperatura (ar e sedimento), salinidade, granulometria e teores de carbonato de cálcio e de matéria orgânica.

 


   

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